segunda-feira, setembro 22, 2008

O maior desejo do ser humano é ser humano.

Ainda remoendo a carne de assuntos antigos,
tenho pensado...

Clarice diz no seu livro que
o maior desejo do ser humano é ser humano
e que o ser humano é só.

Mas ela flui e segue...

Ela diz que somos um corpo, um único corpo,
que em si nos delimita, nos restringe.

Fadados a essa existência singular
não nos é permitido experimentar a liberdade
plena
aquela que tornaria possível nos misturarmos
e viver o outro.

Estamos sempre partindo de um lugar que é o corpo,
que é a individualidade humana concreta.

No que essa é uma individualidade intrínseca, real, intransponível, permanente.

Mas ao mesmo tempo...
o corpo permite conhecer o mundo!

Onde vivemos e convivemos
com tudo o que nos cerca,
dentre o visível e o invisível.

Ele nos permite estabelecer contato.

E isso leva a ponderar que...
se nosso corpo nos restringe,
ele também é permeável.

E se estivermos atentos
somos capazes de perceber
o movimento.

O movimento que só o contato produz.

E no fim acho que é dessa aprendizagem que o livro dos prazeres fala...
que te abre mais ao mundo e te faz perceber os movimentos sutis,
a mistura.

Quando deixamos de ser um só,
para ser só.
Ser simplesmente.
Só.

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