terça-feira, dezembro 19, 2017

Pra longe de você

Por vezes chega a hora de partir.
Chega a hora de seguir outro caminho e deixar os amores e rumores pra trás.
Ter outro rumo na prosa e rumar na poesia das almas leves e sem medo.

Porque nessa hora a gente também dá adeus ao que é pequeno, ao que se esgota na capa macia e tem recheio de fel.

É ir pra longe, porque a vida é sempre maior.

VIVER A VIDA DOS FORTES.

Em tempo de separar o joio do trigo e ir além da fronteira do pouco.

Partir enquanto o peito ainda é repleto de amor.

quinta-feira, dezembro 07, 2017

Cartas de vida

As cartas me dizem coisas não ditas pelas bocas humanas que se calam.

As cartas me escrevem em sussurros que se escondem de quem quer distorcer sua voz.

As cartas me ensinam, me orientam, me oferecem abrigo.

As cartas que não são escritas, mas se fazem na leitura do peito apertado e do coração agitado.
De emoção e razão, as cartas me falam com a minha própria voz.

As cartas me trazem à tona, à margem, ao lado, e me dão perspectiva no redemoinho.

As cartas me acompanham em companhia silenciosa.
Elas seguem comigo, mesmo que eu não siga com elas.
Elas são fiéis. Mesmo que nem sempre eu o seja.
Elas me lembram de mim, resgatam a mim e me oferecem a mim novamente e sempre.

Morrer-se

Num dia de medo em que a morte de novo espreita, me vejo em companhia de fantasmas.
Todos os que tiveram pêlo e tiveram zelo, comigo permanecem em seus afetos, sons e perfumes.

Percebo no movimento das idas que se repetem, uma construção do novo nos escombros.
Um fazer-se de luto e nojo, mais forte que a ingenuidade da pureza perdida.

É ter uma veste de animal e com as vidas que se vão tornar-se um pouco fera.

Apavorar-se com a potência da veste e da máscara.
Inusitada ao hábito do humano.

Admirada. Admirável.


quarta-feira, novembro 22, 2017

Salva-vidas

Buscar a mim.
Quando morro a cada dia.

Resgatar a mim.
Quando me coloco em perigo.

Assustar a mim.
Quando assumo o risco.


Lonely mornings

Lonely mornings

Nas manhãs solitárias me predisponho a pensar no que o tempo não permite.
No que o tempo quer esquecer.
No que o tempo não quer sentir em sua apressada existência.

Nas manhãs solitárias de sol, me deixo invadir pela nostalgia dos raios luminosos,
lembrando de momentos brandos em que o calor era afago, sem arder como chama.
Sem me queimar como carne exposta.

Nas manhãs com nuvens brancas e céu azul,
sozinha,
tento lembrar que não devo esquecer.

Nas manhãs me faço companhia.
Me escuto, pois mais ninguém o pode fazer.