segunda-feira, dezembro 05, 2011

Meu pai sempre comigo - no coração, na alma, na felicidade.

"Com o meu pai de novo no hospital. Peço a quem tiver alguma fé que reze por ele. E aqueles que não crêem que torçam pelo melhor. Ele está no hospital Mãe de Deus, fez uma intervenção pra colocar um marcapasso e agora irá fazer um cateterismo. Ele tem cinco safenas que foram feitas em 2003 e já fez cateterismo outras vezes. Mas a cada novo procedimento, a cada novo dia, pra ele e pra todos nós, é como se fosse o primeiro. Desabafo virtual, já que ligar pros queridos demandaria mais tempo. Estou indo para o hospital em seguida. bjos a todos." (03-12-2011 - manhã)

 "Acabei de voltar do hospital. Meu pai fez o cateterismo na tarde de hoje e os médicos informaram que correu tudo bem. Estamos aguardando que o quadro estabilize pra ele poder fazer a cirurgia do marcapasso definitivo. Hoje de tarde ele conversou comigo e brincou com os enfermeiros. Parece que é o coração que está preguiçoso, batendo com pouca força e lentamente. Devido a isso todo o resto do corpo começou a funcionar devagar... rim, cérebro, pele. Mas o médico que conversou comigo, hoje à noite, disse que de um dia pro outro ele teve uma boa melhora. Agradeço as mensagens dos amigos. Agradeço a força de vocês, a nossa e a dele. Agradeço sempre o meu pai sempre comigo, pois muito do que sou é ele. beijos e obrigada pelo carinho" (03-12-2011 - noite)

 "Hoje pela manhã quando fui ver meu pai, ele estava acordado. Fiquei feliz porque poderia conversar com ele! Contei como foi o grenal e combinei de ir com ele ver um jogo na libertadores do ano que vem. Ele sorriu. Depois de um tempo conversando, ele começou a confundir tempo e espaço. Pensava que estava no sítio, onde morávamos quando eu era pequena. Queria saber quantas pessoas viriam pra Porto Alegre, pois a gente ía "ir" pra Porto Alegre. Lembrei do tempo em que ele era o motorista da família e me levava pra todos os cantos - das aulas no colégio aos aniversários das amigas. Lembrei dos dias em que de manhã cedo ele dava carona pros filhos dos caseiros e enchia o carro de meninos com cheiro de terra. Boas lembranças, muito boas lembranças sempre com o meu velho e querido pai! Bibo pai e Bobby filha." (05-12-2011 - tarde)

quinta-feira, novembro 03, 2011

Mad World.

Tiranias.

Abraçar um coletivo de eu's.
Missão impossível.
Eu's não se tornam um coletivo, apenas um agrupamento momentâneo por vontades convergentes.

Muita gente confunde as coisas.
Trabalhar coletivamente não é simplesmente fazermos todos juntos alguma coisa.
É preciso que essa coisa seja resultado de um arranjo entre as vontades, de uma flexibilização entre tudo o que é possível.
Não apenas a força de um amior número.

A democracia não garante uma experiência coletiva de fato.
Apenas a tirania de muitos.

domingo, outubro 09, 2011

A flor da lama.


Buda e a Flor de Lótus 


Buda reuniu seus discípulos, e mostrou uma flor de lótus - símbolo da pureza, porque cresce imaculada em águas pantanosas.
- Quero que me digam algo sobre isto que tenho nas mãos - perguntou Buda.
O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importância das flores.
O segundo compôs uma linda poesia sobre suas pétalas.
O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.
Chegou a vez de Mahakashyao. Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.
- É uma flor de lótus - disse Mahakashyao. Simples e bela.
- Você foi o único que viu o que eu tinha nas mãos - disse Buda.

De ir embora.

Sair de casa é difícil pra quem sai e pra quem fica.

A dor do outro não é menor que a minha só porque não a sinto.
Nem preciso fazer o outro sangrar pra ter certeza de que sabe que sofro.

Sair de casa é ato de coragem.
Se desacomodar para tentar sair do lugar e conhecer o que é inexplorado do lado de dentro de paredes pintadas.

Sair do quarto cor-de-rosa. Do céu sempre azul.

É preciso provar da chuva pra saber seu sabor.

Como dizer que vivo se não comprovo a naturalidade dos meus atos?
Mantendo-me em ambiente salvo e controlado jamais saberei.

É preciso sair de casa. Mesmo com a dor.
E isso não é cruel. 

Sair pela porta afora é um movimento de sabedoria.
De carinho por si e pelos outros - de respeito pela vida incessante que pulsa em cada ser.

Como me julgar mal por executar algo tão nobre?
Porque me crucificar como um Cristo?
Como um Judas?
Como um Escariotes?

Sempre fui o mais sincera e leal aos meus.
Não abandonei ninguém.
Apenas gostaria que se pudesse seguir.

Se alguém se recusa a ir adiante, não posso evitar que eu o faça.

Nascer nos coloca em compromisso com o mundo, não apenas com o ventre.

Sou minha e do universo, sem ser de mais ninguém.
Escolho minhas companhias por liberdade.
Não por dependência.

Devo andar. 
E não me espere pro jantar.


domingo, agosto 07, 2011

Tempero da vida

Força da vida.

Querer é, por vezes, tão difícil.
Porque não há espaço pra existir no mundo do corriqueiro.

Há muito o que fazer, pensar, oferecer, e muito o que não é você.
Há muito o que você precisa cumprir, mas que não é seu.
Então você se perde.
E passa a existir como um avatar, um eu automatizado.

Querer e fazer do querer algo importante na vida,
torna possível existir.

Junto com o respeito ao querer do outro,
o próprio querer é a força mais divina que pode existir.
É o que nos torna especiais, em relações únicas e insubstituíveis.

Configurações exclusivas se formam quando um querer se alia a outro,
sem anular quereres quaisquer.
A convivência de quereres, que se auxiliam a existir,
fortalece a alma, o existir.
Fortalece o um, que fortalece o outro e foratelce a vida.

De pares e pernas.

Estive revendo mensagens antigas de amor e medo.
De início de amor e medo.
Dos inícios que desafiam com o novo.

Mas hoje, depois de quase dois anos...
vejo o quão mais desafiador é seguir junto.

Os começos são quase inofensivos porque não se tem vínculo.
Quando a gente vai embora, ou nos deixam, pouco se perde.

Depois... parece que se isso acontecer se vai um pedaço de vida, inteiro, com um pedaço de corpo junto.
Surge uma atrofia. Uma limitação. Uma perna que falta. Um olho que não enxerga direito.
Até a gente encontrar o aparelho certo, ou descobrir novas possibilidades de locomoção é bem difícil.

Penso nisso como mera elucubração teórica.
Não vejo isso como possibilidade de fato no meu momento presente.
Mas a mente me leva a pensar sobre isso, diante de tantos finais que já ocorreram.
Tantas experiências falidas, tantas partes do corpo amputadas.

Re-escrever aqui é recuperar um pouco de mim.
É conseguir andar com pernas minhas de novo.

Estar junto, por vezes, faz com que a gente não perca, mas misture as pernas.

Como é bom andar sozinho! Em par. Com quatro pernas em bom movimento.
Quatro pernas que andam juntas. Quatro pernas e não mais três ou duas!

segunda-feira, julho 04, 2011

Marinar.

Não tenho tido tempo de escrever.
Nem de ser eu mesma.

É muito o que fazer.
O que dever.
O que corresponder.

Gosto quando eu posso só deixar tudo fluir.
Torrentes quando há corrente, marasmo quando há preguiça.

Sabe ritmo de mim-mesmo?

Quando tudo parece não te invadir... nem te atropelar.

Mim-mesmo que é, sem razão pra julgar.

Marinar.

[.]

Essa história começa onde todas as outras terminam.

segunda-feira, março 28, 2011

A mulher velha e feia.

Hoje eu vi a mulher velha.
Me deu vontade de rir.
Mas ela não era engraçada.

A mulher não tinha dentes.
Tinha o rosto enrugado e os cabelos grisalhos de bombril seco, alto.
Vestia azul.

Eu ri de susto.
Da estranheza que a mulher velha provocava
em comparação às imagens de revista, de tv, de outdoor
- habituais em qualquer lugar que se olhe.

Mas depois me comovi com a sua figura.
Altiva ela caminhava.
Enfeitada de azul, de vestido.
Com passos fortes ela andava veloz e decidida pela rua.

A mulher velha e feia,
que parecia sofrida,
era orgulhosa de si mesma.
Cuidava e redefinia a si.

Me tomei em admiração
pela beleza da mulher velha e feia.

quarta-feira, março 16, 2011

Bens posicionais ecológicos!

Ando a pé e de transporte coletivo, não tenho carro e nem carteira de motorista!
Procuro produzir o mínimo de lixo que consigo e me sinto cada vez mais livre com isso!

Orgulho de ter votado nessa mulher!

sábado, janeiro 22, 2011

Des-culpa.

Plágio de mim.
Meu e teu.
Incompartilhado até quando existir.
Até quando um desistir.

Cansei de escrever poemas pra ti.

Cansei de escrever poemas pra ti.
Parece que sempre encontras outra pessoa nas palavras que te digo.

Falho quando me interpretas.
Não vês a mim.
Vês outra.
Alguém perdido.
Ausente.

Cansei de escrever poemas pra ti.
Eles soam pedaços de fetiches, fantasias, sistemas ilusórios.

Fracasso a cada ponto e nova linha.
Me jogas pra longe.
Preferes a outra.
Esqueces de mim.
Sozinha.

Do que posso.

Não gostem de mim pelo que não sou.
Sou o que posso e juro que me esforço por ser mais.
Mas o que consigo é ser uma vírgula melhor a cada dia.
Portanto não me peçam parágrafos inteiros e textos completos a cada anoitecer.

Poesia

Me nego à poesia do falsear a vida.
Me nego à poesia de meias palavras para meias verdades.
A poesia que me interessa é aquela que dá a devida intensidade -
para palavras e pensamentos escritos e sinceros.

Escrever um poema é colocar paixão para fora.
Tocar o outro com afeto.

Me toque com poesia e me farás feliz.