domingo, maio 03, 2009

Cavaleiro de Espadas

Tenho um amigo.
Digo que tenho, porque sei que ele não é um amigo imaginário.
Ele existe. É meu amigo.
E é tão meu amigo que se permite não sê-lo.
Como nesse momento.

Estamos vivendo uma amizade às avessas.

Onde não existe compartilhar, onde não existe companheirismo, onde não existe compaixão.

Nossa amizade nesse momento é feita de silêncios e dor. De desencontros, desacordos, egoísmo e um certo sadismo.

Mas somos amigos.
Esse meu amigo... é importante pra mim.

Eu julgo que não conheço esse meu amigo.
Ele não gosta de ser julgado.
E ele não se cristaliza em uma existência de forma definitiva.
Ele não é definitivo e por isso é difícil acreditar nos pragmatismos que por vezes ele tenta.

Ele gosta...
Não sei do que ele gosta.
Não sei quase nada sobre ele.

Um dia eu pensei que soubesse.
Um dia eu pensei que entendia.
Um dia eu pensei que era especial.

Ele desfez. E chegamos ao momento de desconforto, desconcerto, descomposto, desconjunto.

Ouvi essa música do Radiohead e me lembrei dele.
Ele tem me parecido assim.
Tem se mostrado assim pra mim, mesmo que assim não o seja ou seja.

Não sou capaz de alcançar o que ele é. Talvez nem mesmo ele alcance.

Mas sei que ele é muito.
Lamento é que eu não seja tanto.


2 comentários:

Improviso disse...

desculpe, não quero destruir nenhuma de tuas certezas, mas se tu não és tanto para ele, ele não é teu amigo. mas também como saber o que tu és para ele? (agora fiquei pensando...)

Angela Francisca disse...

o que não é questão de ser muito um pro outro... mas ser muito por ter muito dentro de si.
Talvez eu me veja menor porque o que trago em mim é sempre exposto e se dissipa no ar - é doado ao mundo; e ele por carregar tanto dentro de si, pareça imenso, infinito.
Eu, definitivamente, eu tenho pouca força pra carregar tanto. Perco pedaços de mim o tempo todo - por doação ou por descuido mesmo.