Quando me atirei ao abismo,
eu já o sabia.
Sabia do risco
De não ter volta
Me lancei com medo e não alcei vôo.
Esbarrei nas pedras.
Me cortei nos arbustos do penhasco.
Quando me atirei ao abismo,
eu já o sabia.
Mas quis o perigo mesmo assim.
Me sabendo tola,
me arrisquei mesmo assim.
Uma vontade absurda de perdição,
De sentir a transitoriedade da vida,
De ser kamikase.
Um desprezo pelo ordinário,
uma arrogância pelo sensato.
Pacato, cordato,
que chato.
Quando me atirei ao abismo,
eu já o sabia.
Havia certeza do erro,
Do engano,
Mas da arte do imprevisto.
Otimista e inconsequente
me joguei mesmo assim.
Fantasiando um percurso inesperado,
previamente sabido fracassado.
Queria ser capaz de alterar leis físicas.
Prepotência andante.
Mas era abismo.
E eu já o sabia sem volta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário