Ainda remoendo a carne de assuntos antigos,
tenho pensado...
Clarice diz no seu livro que
o maior desejo do ser humano é ser humano
e que o ser humano é só.
Mas ela flui e segue...
Ela diz que somos um corpo, um único corpo,
que em si nos delimita, nos restringe.
Fadados a essa existência singular
não nos é permitido experimentar a liberdade
plena
aquela que tornaria possível nos misturarmos
e viver o outro.
Estamos sempre partindo de um lugar que é o corpo,
que é a individualidade humana concreta.
No que essa é uma individualidade intrínseca, real, intransponível, permanente.
Mas ao mesmo tempo...
o corpo permite conhecer o mundo!
Onde vivemos e convivemos
com tudo o que nos cerca,
dentre o visível e o invisível.
Ele nos permite estabelecer contato.
E isso leva a ponderar que...
se nosso corpo nos restringe,
ele também é permeável.
E se estivermos atentos
somos capazes de perceber
o movimento.
O movimento que só o contato produz.
E no fim acho que é dessa aprendizagem que o livro dos prazeres fala...
que te abre mais ao mundo e te faz perceber os movimentos sutis,
a mistura.
Quando deixamos de ser um só,
para ser só.
Ser simplesmente.
Só.
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